Quadrilhas juninas: uma celebração em extinção nas Minas Gerais

Quadrilhas juninas: uma celebração em extinção nas Minas Gerais

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Nossa Dança de Quadrilhas, (Patrimônio Imaterial do povo brasileiro) teve origem nos salões de festas da monarquiada Inglaterra do século XIII, tendo migrado para os salões nobres da França (e trazida pelos nossos portugueses, para nossos sertões da cana e do ouro).Aqui chegando no século XIX, teve muito sucesso sob o patrocínio de São João, Santo Antônio e São Pedro. Sagrado e profano mais uma vez se une na tarefa católica de unir os seus.

No Nordeste de Caruaru e Campo Grande, no Rio de Janeiro imperial ou nas Minas do Ouro, cada povo tratou de adequar a “dança” a seus gostos e a seus ritmos. No nordeste, carnavalescamente adotou baiões, xaxados, xotes, frevos… Nos “montes” das Minas rurais se deteve a Dança de Quadrilhas no mais perto de suas origens de dança dos salões do reino (das monarquias europeias, fique claro).

Até a alguns anos atrás, coisa dos anos 1970, as celebrações, festas e eventos gerais de nosso patrimônio cultural, (sejam eles ligados á fé religiosa, sejam eventos cívicos ou profanos) tinham suas trilhas sonoras executadas pelas ondas do rádio, na rudimentar radiola e nas praças, pelos metálicos e estridentes auto-falantes. A tecnologia de imagem e de som tratou de sofisticar a execução (ao vivo a cores) da ancestral forma musical caipira, trilha sonora insubstituível de nossas Quadrilhas.  O fato é que, decorrente dessas possibilidades e da propagação e interação das várias culturas brasileiras, tem tomado lugar o modo nordestino de dançar, em detrimento do modo raiz do mineiro de celebrar nossas Quadrilhas. A massificação de ritmos na mídia, modelando gostos urbanos ameaça gravemente de morte não só este, mais outros diversos tocares e cantares de nossos costumes.

Se nos anos 1970, a ausência da televisão (coisa de elite) e da internet colocava todo mundo na rua, envolvido nas suas festas populares, a valorização de outros ritmos e costumes hoje, faz com que celebrações de nosso patrimônio cultual imaterial como essa dança, as Folias e  Congado vão minguando em seus espaços e na atençãopopular.

Se o turismo para nossas Villas e Fazendas tem de ter atrativos (para além de nosso patrimônio edificado) na cultura e nos modos de ser de nossas populações, como faremos, como protegeremos nossa rica diversidade cultural, como elemento de negócio sustentável pelo turismo?

Zé Geraldo é agente cultural em Santana dos Montes

Sec de Cultura 2001/2012 e 2017/2020


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