Desde o início da crise ocasionada pela pandemia de contaminação pelo Sars-Cov-2 e a decorrente ocorrência descontrolada da COVID-19, o desconhecimento sobre a natureza do vírus e sobre o que é uma pandemia gerou uma onda de especulações sobre o fim da crise e sobre o pós-crise e falou-se desde então, na nossa sociedade, numa situação que foi chamada de novo normal. Na educação não foi diferente. Mas o que significaria isso: novo normal?
O novo normal seria um tempo de reconsiderações sobre o que se deveria oferecer como conteúdo de natureza teórico-conceitual, ou seja, sobre os conceitos que as crianças, os adolescentes, os jovens e os adultos deveriam aprender nas diversas disciplinas da Educação Básica e do Ensino Superior? Ou novo normal significaria alguma alteração na forma de apresentar os conteúdos conceituais: sobre as estratégicas e procedimentos metodológicos na esteira do que se chama de metodologias ativas e inovadoras? Ou ainda, novo normal significaria algum trabalho com conteúdos de natureza ético-atitudinal que são, atualmente, palidamente trabalhados em disciplinas com baixíssima carga horária?
O que, de fato, ocorreu foi que um tempo que poderia ser utilizado para a avaliação da real situação educacional em nível institucional e como política de Estado foi ocupado com o atendimento das mais diversas emergências; muitas delas que poderiam ter sido antecipadas em um planejamento estratégico bem idealizado enquanto se estruturava outro para a retomada das atividades presenciais nas instituições escolares.
Mas ainda há tempo! Agora, com a objetiva e efetiva ação da campanha nacional de vacinação da população, é hora de pensar a retomada das atividades de forma presencial nas instituições educacionais.
Não se trata de retorno às aulas e nem mesmo a uma nova normalidade. Escolas e governos podem e devem planejar estrategicamente e cada um no seu âmbito de ação, ou seja, aquelas nos seus projetos político-pedagógicos institucionais e estes por meio de políticas públicas podem e devem planejar ações não no sentido de um novo normal – Deus que nos livre da normalidade distópica porque alienada e alienante – mas no sentido de uma nova realidade aberta à diversidade, à diferença, à criatividade e a peculiaridade de cada ser humano, de cada comunidade escolar, de cada sociedade municipal, estadual e às exuberantes singularidades e originalidades da Sociedade Brasileira tão bem representados pela riquíssima tradição cultural.
As atividades educacionais formais devem ser retomadas mas embasadas nos aprendizados com a experiência pandêmica e respeitosos dos nossos valores tradicionais com vistas a um outro projeto de educação nacional.
Paulo HR Monteiro – professor
Astrolabium Educacional
Assessoria, Consultoria e qualificação profissional
