Por Rafael Soares – Repórter Especial
Brasília (DF) – Nesta sexta-feira, 21 de abril, o Brasil celebra o Dia da Inconfidência, data que marca o legado da Inconfidência Mineira, movimento do século XVIII considerado um dos primeiros esforços organizados contra o domínio colonial português. O dia é reconhecido como feriado nacional em homenagem a Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, mártir da causa e figura central do movimento.
A Inconfidência Mineira surgiu em 1789, na então Capitania de Minas Gerais, em meio ao descontentamento de setores da elite local com os altos tributos exigidos pela Coroa portuguesa, especialmente a chamada derrama, um imposto impopular sobre a produção de ouro. Inspirados pelos ideais iluministas e pelas revoluções americana e sa, os inconfidentes almejavam autonomia política, liberdade econômica e a instalação de uma república.
Apesar de ter sido frustrado antes de ser efetivamente iniciado, o movimento teve grande importância histórica e simbólica. Tiradentes foi o único dos conspiradores a ser executado — enforcado em 21 de abril de 1792 — e posteriormente se tornou um dos maiores ícones da luta pela liberdade no país.
A data é lembrada oficialmente desde 1965, quando foi instituída como feriado nacional por meio da Lei nº 662. Em Minas Gerais, especialmente em Ouro Preto — cidade histórica e epicentro da conspiração —, são realizadas homenagens cívicas e culturais, com a presença de autoridades e representantes de diversos setores da sociedade.
Historiadores destacam que, mais do que um episódio isolado, a Inconfidência Mineira representou o despertar de uma consciência política nacional. “Foi o primeiro movimento articulado com objetivos republicanos e emancipatórios, embora com limitações de classe. Seu simbolismo perdura como inspiração para a luta por direitos e justiça social”, afirma o professor Marcos Gouveia, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Além de sua importância histórica, o feriado do Dia da Inconfidência também oferece à população um momento de reflexão sobre os valores democráticos e o papel da cidadania na construção do país. Em diferentes regiões do Brasil, instituições públicas e educacionais promovem atividades para rememorar os ideais dos inconfidentes e discutir os desafios contemporâneos da sociedade brasileira.