Conselheiro Lafaiete, 07 de Setembro de 2024
Pátria minha, Patriazinha! O teu hino é tão lindo, recheado de vocábulos rebuscados e complexos!
Inconfundível, quando os primeiros acordes ecoam!
Até sei cantá-lo por completo, porém a interpretação é tão distante de mim e de tantos filhos teus!
Por isso, canto sem muita emoção, afinal não me faz tanto sentido. E sou sinestésica. Preciso ser tocada para que todos os sentimentos e emoções venham à tona.
Sabe Patriazinha, penso que os HINOS NACIONAIS deveriam contar a história da cultura de um povo, celebrar seus verdadeiros heróis e despertar a idéia de pertencimento, de identidade nacional.
Como leitora assídua, escritora e cidadã “privilegiada” por ter tido o à cultura através de boas escolas e exímia criação considero o texto parnasiano (do nosso hino) de Joaquim Osório Duque Estrada uma obra de arte, sobretudo na riqueza das inúmeras metáforas, esse vocabulário cheio de “pompa” que me encanta, as inversões da ordem do discurso, etc.
Contudo, escrito no final do século XIX, em um momento em que a escravidão ainda era sentida (e até vivida em nosso país) e que o verdadeiro POVO brasileiro não havia sequer nascido? Ah, Patriazinha! Farei uma confissão: Na escola, quando criança e adolescente, sempre cantei por cantar. DECOREI. Nada mais do que isso. E sei que não sou, fui ou serei a única.
Mas Patriazinha, hoje é celebrado o dia da tua “Independência” e trago notícias (não as que gostarias):
As “margens do Ipiranga” não mais estão tão plácidas (CALMAS), tamanha a violência barata, gratuita, nua e crua que vivemos diariamente;
O penhor (o DIREITO) de igualdade está a cada dia mais distante de ser conquistado com braço forte (COM FIRMEZA); muitos de teus filhos aqui morrem de fome, enquanto uma minoria deles esbanja riqueza.
Apesar de seres uma MÃE gentil (GENEROSA), os filhos do teu solo estão a cada dia mais egoístas, egocêntricos, impiedosos e cruéis;
A terra já não é mais tão garrida (VISTOSA), os bosques, os campos, as flores já não têm vida; a ambição dos teus filhos aniquilou grande parte;
Sobre a paz no futuro? Talvez haja guerra.
Como dói para uma mãe a ingratidão, a traição e o desvio de princípios dos teus amados filhos. Sinto muito.
Contudo, Patriazinha, ainda há de se orgulhar do brado (GRITO) daqueles filhos que não desistem de ti. E esses gritos ressoam (SÂO RETUMBANTES) fortemente, pois muitos não fugiremos a luta.
Ainda há resquícios de esperança e amor (belos (FORMOSOS), brilhantes (VÍVIDOS) e claros (LÍMPIDOS)) que nos fazem lutar por ti. E não desistiremos tão facilmente.
Que possas nos amparar: mandes rouxinóis, sabiás e cotovias; aqueças nossos corações com o brilho do Sol; permitas que os teus cabelos, alise-nos com ternura e com o batuque do teu coração garantas a teus filhos força para continuarmos lutando por ti.
Feliz Dia, Patriazinha, mãe gentil, ilha de ternura, nossa Terra: Brasil!
Paz & Bem
Sua filha,
Lívia Baeta Paula Jesus